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É dia da Desfolhada!

Depois de apanhar a azeitona, chegou a vez de desfolhar o milho.

O S. Pedro trocou-nos as voltas e fez-nos adiar esta atividade, prevista para o dia 19 de outubro. 6 de novembro foi a data escolhida e, à semelhança dos anos anteriores, entusiasmo e energia não faltaram!

A Desfolhada é conhecida como uma das tarefas agrícolas mais alegres no nosso país, no entanto, é, também, cada vez mais rara. Depois da ceifa do milho, este era levado para a eira do agricultor que convidava familiares, vizinhos e amigos para o trabalho de descamisar. Criava-se, assim, um momento não só de trabalho, mas de convívio entre todos, com cantares e dançares ao som da concertina, da viola e do cavaquinho. Terminada a desfolhada, o agricultor oferecia aos convidados uma merenda rica e dava início ao bailarico, que durava, por vezes, até ao nascer do sol.

À Desfolhada estava, também, associado um ritual: quando alguém encontrasse o milho rei (maçaroca com os grãos vermelhos), todos os participantes gritavam “milho-rei”. Quem o encontrasse escolhia alguém para dar um beijinho ou um abraço.

A Desfolhada na Quinta aconteceu com as crianças da Escola EB1/JI da Quinta da Condessa, que como "recompensa" do trabalho, puderam deliciar-se com bolinhos de milho, feitos nos nosso forno a lenha!

Esta é uma das manifestações que quase desapareceram da vida rural, mantendo-se viva, apenas, nas memórias dos mais antigos. As tradições são parte importante na identidade e na cultura de um povo e a sua preservação ajuda a valorizar a nossa identidade coletiva. É, por essa razão, que não deixamos de assinalar a Desfolhada, todos os anos, nas festividades da nossa Quinta.

Cantigas das desfolhada

Tomara já que viesse,

O tempo das desfolhadas,

Que me dão as raparigas,

Quatro castanhas assadas.

 

Fui ao serão do vizinho,

Esfolhei duas espigas;

Não fui lá p’ró ajudar,

Fui p’ra ver as raparigas.

 

O milho, nas desfolhadas,

Quantas vezes é traidor;

As espigas encarnadas

São os correios do amor.

 

A desfolhada sem milho-rei,

A desfolhada sem milho-rei,

Ai, se não fosse o milho-rei,

Como seria não sei!