Vamos apanhar azeitonas?
Este ano, a colheita não foi abundante, mas isso não nos impediu de recriar esta tradição tão rica e de a dar a conhecer às crianças que aqui passaram. O S. Pedro também nos ajudou e, ao som de cantigas alegres do Coro “Outono da vida“, da CURPI - Comissão Unitária de Reformados e Pensionistas de S. João da Talha, a festa foi bem animada. No final, todos os trabalhadores, deliciaram-se com uma merecida merenda de pão acabado de sair do forno, acompanhado de azeite e azeitonas.
Parte da cozinha tradicional, as azeitonas são um dos petiscos mais afamados no nosso país. Uma atrás da outra, entre dois dedos de conversa, é num instante que nos deliciamos com uma quantidade bem generosa deste fruto que nasce da Oliveira.
No entanto, muitos nem sabem de como chega até ao nosso prato. A Apanha da azeitona é uma árdua tarefa agrícola, bastante exigente, que tem lugar por todo o país, um pouco mais cedo a sul, e, mais tarde, a norte de Portugal, tendo em conta as características próprias de solo, temperatura e humidade de cada região. Ocorre, habitualmente, durante o outono e o inverno, entre os meses de outubro, novembro e dezembro.
Hoje em dia, está um pouco facilitada, sendo, maioritariamente, realizada de forma mecânica, mas a forma mais antiga e tradicional, é a manual, recorrendo a dois métodos diferentes:
- “Ripar”, consiste na utilização de um instrumento, tipo garfo, para soltar as azeitonas;
- “Varejar”, utilização de varas para bater nos ramos da oliveira.
Estes métodos são mais inofensivos para as Oliveiras. Em ambos os casos, as azeitonas caem em panos colocados à volta do pé da oliveira e são depois colocadas em cestos. Finda a colheita, a azeitona é levada para o lagar para se iniciar o processo de extração do azeite. Mais recentemente, não só pelo custo e escassez de mão-de-obra, mas também pela necessidade de tornar este processo mais simples, rápido e eficiente, surgiram meios mecânicos de vibração da árvore.
A forma mais antiga e tradicional, o “Varejar”, é a que utilizámos e replicamos, como manda a tradição, com grupos de escolas e de séniores que nos visitaram neste dia. O objetivo não foi colher grandes quantidades de azeitona, mas recriar a alegria e o convívio que se geram na partilha destes momentos. Uma tradição cada vez mais rara e que, atualmente, resiste, sobretudo, em famílias de pequenos meios rurais.
Curiosidade:
Até meados do século XVIII, a paisagem onde está localizada a Quinta Pedagógica dos Olivais era conhecida pela presença de oliveiras. Daí surge o nome “Olivais”, dado a esta freguesia de Lisboa.